Desse amor eu sou confesso, Salgueiro
Meu pecado original
Devoro o paraíso prometido
Devasso, tropical e proibido
Se o corpo é livre
Esqueça o livro
E o que está escrito
O céu é mais bonito de vermelho
Espelho caído da humanidade
Castigo refletido em minha carne
Além do jardim, eu sou um qualquer
Meu destino está à venda
Paga o preço quem puder
Na dor, na fé, se enfrenta o dragão
A minha espada é de farrapo e faisão
Diz o profeta sem pudor e nem censura
O dever de um cavaleiro é sair da armadura
Não vê que a salvação está nas ruas?
Vento sobre a pele nua
De um anjo marginal
Rasgue as amarras do juízo
Não existe paraíso
Onde não seja carnaval
Quando o tambor da vida pulsar
E o povo desfilar o seu prazer
Eu vou cantar por você
Salgueiro, maior delírio dessa multidão
Se é pecado estar contigo
Eu me entrego ao proibido
(Vem fazer a tua história)
Segundo o evangelho de João
Vai passar a Academia, o cordão da liberdade
Meu samba tem o veneno da verdade
A arte que desnuda a fantasia
Vermelha alforria